29 setembro 2007

para sempre

eu preciso viver
desde que viva sem precisar
eu necessito respirar
sem que a dor me acompanhe
eu preciso ouvir
mesmo que gritem meu nome
eu quero comer
a carne crua
a verdade nua
eu não posso dormir
fechar os olhos
eternamente, amém

contudo

estou só, porém não mais
estou mais só, porém não
não estou mais, porém só
porém não estou mais só
só, porém não estou mais
...
contudo, estou só

ela veste preto

de tempos em tempos voltamos
e de tempos em tempos crescemos
dessa vez tivemos sorte
pois pensamos enganar a morte

o sino não dobrava há muito
hoje toca sem parar
porém não é nosso esquife que segue
e eu sigo sozinho por outro caminho

as flores já estão murchas desde ontem
e ninguém percebeu o forte odor
ninguém olhou para trás
mas ela está nos esperando

ninguém a engana
nem mesmo a si
nem mesmo ninguém
olha para trás

vida e morte

A morte envida esforços
para tirar sua vida
e vi da minha sala
o amor te chamar
e a morte chamar
ainda em vida