15 dezembro 2012

Senhora da noite


Menina da noite
Eu lhe quero bem
Porque me atormenta assim?
Menina da noite
Eu não sei ao certo
O quão deserto é seu coração
Menina da noite
Diga-me algo suave
Boa noite, meu amor – pode ser
Menina da noite
Não sei ao certo o seu nome
Sei que não me vê
Menina da noite
Estou de partida nesta hora
Embora parta com você
Menina da noite
Não entendo minha sina
Ensina-me a morrer
Menina da noite
Despeço-me mesmo assim
E desejo-lhe tanto assim
Senhora da noite
Envelheço com você
Envelheço sem lhe ver
Senhora da noite
Há muito tempo lhe persigo
E agora me encontrou
Senhora da noite
É bem tarde eu sei
É muito tarde


Natal, 15 de Dezembro de 2012

20 outubro 2012

Efemérides



Porque os vermes não são um destino nobre?
São as variadas mortes nos campos
As muitas sortes de todos esses pobres
Lembram corpos caídos ainda limpos
Suave sugar de sangue em "Canudos"
Miseráveis espíritos, ainda todos mudos
Cabeças separadas de toda ordem
Maçons, rosacruzes, padres e muitos outros poderes
Cujas vidas se esgotam sutis e ardem
Nem sequer recuperam seus haveres
As tolas rimas cessam
Em farrapos ao sul
Libertas quae não será amém
Nem ninguém
Favelas que se formaram por todas cidade
E eu rio em janeiro
Seus soldos que não nos pagaram
Chagam feridas podres e mal cheirosas
Mesmo assim cantam rosas
Que não falam, não gorjeiam
e morrem como tudo o mais
Contudo é beleza
Efêmera


Luanda, 01 de Novembro de 2008