Não ando assim tão triste ultimamente
Essa tal felicidade que continua me perseguindo
Sei que os dias passam, cansados
Que as noites terminam, adormecidas
O apetite se acaba, em gula
A sede, muitas vezes, se embebeda
Minha sanidade à prova, toda hora
Insanos minutos ou segundos
Há dias não lhes vejo
Nem rogo lhes rever tão cedo
Amanhecem dias calmos por aqui
E furacões, maremotos, batalhas, eleições...
Sombras que refrescam tanta luz
Tanta luz em meus olhos
Tantos olhos velando por mim
Por nós
Enfileiradas, as velas nos altares
E nas alturas
Nos sepulcors caiados
Mesmo assim eu não ando tão triste
Gosto das tolas emoções cotidianas
Cheiro de chuva
E do arroz com feijão
Banho de mar
Esse seu sorriso tão feliz
Que às vezes até sorisso me surpreende
Sozinho ou no meio da multidão frenética
Adoro meu quarto longe de tanta gente
Minha solidão
Inda bem que não sou assim
E sem saber como sou
Que eu continuo
Tolo
Luanda, 01 de Novembro de 2008
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