31 outubro 2010

Minha casa tão pequenina

Minha casa tão pequenina
Tentei colocar ali junto ao fogão
Um pouco de alegria
Mas só coube a solidão
Fui arrumar perto da mesa
Um cadinho de beleza
Consegui um tanto, eu sei
Mas não combinou com a fruteira
Muitas frutas carcomidas
Não pela boca, pelo tempo.
Que o belo foi-se embora
Deu lugar a outra senhora
Nem formosa nem horrenda
Apenas tomou aquele lugar.
Outro dia arrumei tranquilidade
Coloquei ao lado da cadeira
Na sala de estar onde eu ficava
Mas o vizinho, ao seu estilo
Tratou logo de levá-la
Deixando companheira da solidão
A pobre depressão
Não me dei por vencida
Sou alma descontente
Com coisa pouco atraente
Limpei toda varanda
Coloquei ali a esperança
Mas como eu já não vivia
Ela, de verdade, não existia
Ficou comigo a ilusão.


1403 Km de São Paulo sobre o Oceano Atlântico, vindo de Luanda à 38.000 pés de altitude, no Avião
04 de Junho de 2010

Nenhum comentário: