13 abril 2006

João


Já era alta noite e ainda não se tinha notícia do jovem João. Ninguém sabia para onde ele havia ido, o que fora fazer e sem avisar a ninguém, algo completamente atípico em suas atitudes.
O dia amanhece e João não dá notícias, o que aconteceu a João?
A notícia corre a vizinhança, ninguém entende o ocorrido, pois não era do feitio de João sair desta maneira para um destino ignorado, demorando tanto tempo para retornar.
Estaria ele doente e internado em algum hospital?
Estaria embriagado em algum bar da cidade, sob má influência de algum marginal?
Ou teria dado entrada no IML e João era hora de investigar?
Os pais de João saíram cedo a procura nos locais que era de costume do jovem freqüentar. Mas esse era o problema, pois João não freqüentava lugar algum.
No caminho, Seu Joaquim, pai de João, e D. Maria, a mãe, perguntavam a todos se não sabiam onde estava João, mas este também era outro problema, ninguém havia visto ao Jovem anteriormente, pois o mesmo não saíra anteriormente de casa, até aquela data.
Pararam em todos os bares, todas as lojas, todas as bancas de feira, todos os circos, todas as delegacias, todos os lugares; apesar de a cidade não ter nenhum circo no momento, ter apenas a pequena loja do sírio, uma pequena delegacia de uma sela, não tinha feira livre e apenas dois bares, porque metade da cidade era protestante e não havia clientela suficiente para o consumo de álcool.
João não fora encontrado, seus pais não voltaram para casa, o cachorro não latia mais e o papagaio não dizia mais nenhum palavrão. A casa estava vazia. Havia muito pó sobre os móveis e teias de aranha por toda a casa, os cupins tomaram conta de toda a estrutura de madeira da casa. Os anos se passaram.
Os vizinhos aos poucos se mudaram e ninguém sabia explicar a história de João e seus pais, nem mesmo onde João dormia em sua casa, pois havia apenas um quarto e uma cama na pequena casa de madeira abandonada. Ninguém entrara ali por todos estes anos.
Por onde andaria João, ninguém ali saberia informar, mas com certeza Seu Joaquim e D. Maria estavam procurando.

Copyright by Marcilon Fonseca de Lima
Gyn, 26/09/93

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