23 março 2008

Já é tempo

Adoeço em meu tempo
Horas Parcas me restam nesta era
E eu me calo sem razão
Se me queres motivo de minha mudez
É que sou mudo assim mesmo
Mesmo podendo falar milhões
Ao mesmo tempo que não lhe ouço frase qualquer
Nem sim, não ou talvez ou até mesmo impropérios me diriges
Sou surdo, sei bem, mas sempre lhe ouvi
E o som do silêncio é belo, mas é o mais triste dos sons
Se calo, devo estar triste
Se calas, não sei porque
Não sei se tolo ou se fugaz
Nada sei nesse momento de lucidez
Nada sei a qualquer hora
Sei apenas que não lhe ouço
Sei que nada lhe direi também
Meu tempo nesse tempo já é findo
É hora
De partir



Luanda, 23 de Março de 2008

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